segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Violeta Parra- Antologia






BIOGRAFIA:



Violeta del Carmen Parra Sandoval nasceu em São Carlos, a 4 de outubro de 1917, em uma modesta casa na rua Robles, 531, em São Carlos, Estado de Ñuble, na região de Chillán, ao sul do Chile. Seu pai, Nicanor Parra era professor primário de música, folclorista da região, e sua mãe, Clarisa Sandoval Navarrete, uma camponesa que cantava e tocava violão. Foram nove irmãos que viveram sua infância no campo. Dos seus oito irmãos, Nicanor (o primogênito) foi poeta. Teve ainda dois meio-irmãos, filhos do casamento anterior de sua mãe com um primo, de quem enviuvara.
Em 1921, Nicanor Parra é nomeado professor do Regimento Andino, em Lautaro, levando a família. Clarisa passa a costurar, para cooperar com a manutenção da família numerosa. Violeta, durante esse tempo, contraiu inúmeras doenças continuamente. Em 1927, a família regressa a Chillán. O pai, que havia sido despedido do trabalho, se desnorteia e bebe incansavelmente para encobrir a frustração. Durante o governo de Carlos Ibañez, empregados fiscais são exonerados e a mãe de Violeta faz o impossível para manter a família, costurando, lavando, vendendo e comprando o necessário.
Violeta e os irmãos revelam, precocemente, a inclinação para a música e para o espetáculo: imitam os artistas de circo que se instalam nas proximidades e criam roupas de papel, com as quais Violeta e o irmão Eduardo montam pequenos shows e cobram ingresso dos irmãos menores. Aos nove anos ela se iniciou no violão e no canto; aos doze compôs suas primeiras canções. Depois, ingressou na Escola Normal de Santiago, mas abandona os estudos e vai trabalhar no campo, para ajudar a família, já que seu pai se encontra gravemente doente. Por outro lado, o próprio temperamento a fazia rechaçar tudo aquilo que estivesse relacionado com a hierarquia, com o institucional e com o autoritário.
Nessa época já compunha boleros, corridos e toadas e, para combater a pobreza, ela e os irmãos saem a cantar em trens, campos, povoados, ruas e até em bordéis. Trabalharam também em circo, bares, quintas de recreio e restaurantes. Quando o pai feleceu, em 1929, viajou para Santiago antes de completar 20 anos. O começo da vida artística de Violeta foi difícil, suas primeiras apresentações realizaram-se em casas bem modestas, onde interpretava toadas de caráter popular e boleros românticos. Tempos depois, decidiu interpretar e compor música folclórica. Na maioria de suas composições se percebe a manifestação de um mundo interior rico em vivências de conteúdo humano, reflexo de uma vida triste e pouco feliz.
Em 1937, conhece Luis Cereceda, ferroviário, com quem se casa. De seu casamento nascem Isabel e Angel, com os quais mais tarde realizará grande parte de seu trabalho musical. Em 1948, separa-se definitivamente de Cereceda e segue sua vida itinerante pelo Chile. No ano seguinte, volta a casar-se e do novo matrimônio nascem suas filhas Carmen Luisa e Rosita Clara.
Violeta continua a percorrer o país, com suas filhas maiores, trabalhando em circos e teatros. A partir de 1952, Violeta, impulsionada pelo irmão Nicanor Parra, começa a percorrer as zonas rurais, gravando e compilando música folclórica. Essa investigação a faz descobrir a poesia e o canto popular dos mais variados rincões do Chile. Elabora, assim, uma síntese cultural chilena e faz emergir a tradição de imensa riqueza até então escondida. É aqui onde começa a luta contra as visões estereotipadas da América latina e se transforma em recuperadora e criadora da autêntica cultura popular. Em 1953, começa a se consolidar a sua carreira: após um recital na casa de Pablo Neruda, a Rádio Chile a contrata para uma série de programas que a lançam na primeira linha do folclore do país.
Compõe canções, décimas, música instrumental. É pintora, escultora, bordadeira, ceramista, com "tudo que existe", passando, na medida de seu humor, de uma técnica criativa a outra.
Em 1954, Violeta Parra obtém o prêmio "Caupolicán", outorgado ao folclorista do ano. Ainda no mesmo ano viaja, a convite, para o Festival da Juventude, na Polônia, percorre a União Soviética e Europa, permanecendo por anos na França. É lá que grava seus primeiros LPs com canto folclórico e originais e aparece na TV e rádio. Tem contato com artistas e intelectuais europeus. Regressando ao Chile, em 1956, para continuar seu trabalho de criação, muda-se no ano seguinte para Concepción, contratada pela Universidade da cidade. Funda e dirige o Museu de Arte Popular, além de continuar o seu trabalho de compilação de músicas. Em 1958, incursiona na cerâmica e começa a praticar tapeçaria. Viaja ao norte, convidada pela Universidade, onde organiza recitais, cursos de folclore, escreve e pinta. De regresso a Santiago, Violeta expõe seus óleos na Feira de Artes Plásticas ao ar livre. Durante os anos seguintes, Violeta continua na sua trajetória, incansável.
Em 1960, adoece com uma enfermidade que a retém na cama por vários meses. Nesse ano conhece o músico suíço Gilbert Favré, estudioso do folclore sul-americano e por ele se apaixona.
Em 1961, Violeta inicia uma viagem com seus filhos, convidada pelo Festival da Juventude, na Finlândia. Prosseguem a viagem pela União Soviética, Alemanha, Áustria, Itália e França, onde permanecem em Paris por três anos. Atuam em boates do bairro latino e programas de rádio e televisão. Oferecem recitais na UNESCO, Teatro das Nações Unidas, realizando uma série de concertos em Genebra e exposições de sua obra plástica. Canta na Candelária e no Scala de Milão. Em 1964, expõe no Pavilhão de Marsan (Museu de Artes Decorativas Palais du Louvre, em Paris), conseguindo ser a primeira artista latino-americana a se exibir individualmente.
Em 1965, viaja à Suíça, onde filma um documentário que a mostra em toda a sua magnitude. Retorna ao Chile e canta com seus filhos na Pena de los Parras, na rua Carmen, 340, em Santiago. Inaugura o Centro de Arte, grava discos de música instrumental. Viaja à Bolívia, em 1966, onde canta com Gilbert Favré. Também oferece concertos em regiões do sul do Chile, continua gravando acompanhada de seus filhos. Regressa a Santiago para continuar seu trabalho na Carpa, escrevendo ali suas últimas canções, acompanhada do músico uruguaio Alberto Zapicán.
Violeta Parra suicidou com cinqüenta anos, no dia 5 de fevereiro de 1967. Três anos mais tarde, foi editado o seu livro Décimas, pelo irmão Nicanor.
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Gracias A La Vida

Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me dio dos luceros que, cuando los abro,Perfecto distingo lo negro del blanco,Y en el alto cielo su fondo estrelladoY en las multitudes el hombre que yo amo.Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me ha dado el oído que, en todo su ancho,Graba noche y día grillos y canarios;Martillos, turbinas, ladridos, chubascos,Y la voz tan tierna de mi bien amado.Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me ha dado el sonido y el abecedario,Con él las palabras que pienso y declaro:Madre, amigo, hermano, y luz alumbrandoLa ruta del alma del que estoy amando.Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me ha dado la marcha de mis pies cansados;Con ellos anduve ciudades y charcos,Playas y desiertos, montañas y llanos,Y la casa tuya, tu calle y tu patio.Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me dio el corazón que agita su marcoCuando miro el fruto del cerebro humano;Cuando miro el bueno tan lejos del malo,Cuando miro el fondo de tus ojos claros.Gracias a la vida que me ha dado tanto.Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.Así yo distingo dicha de quebranto,Los dos materiales que forman mi canto,Y el canto de ustedes que es el mismo cantoY el canto de todos, que es mi propio canto.Gracias a la vida que me ha dado tanto.




Antología [Disco 1] http://www.badongo.com/file/7403581


Antología [Disco 2] http://www.badongo.com/en/file/7404526

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