sábado, 31 de janeiro de 2009

Imagem e Som (1971)- Cassiano


Nascido em Campina Grande -PB, Cassiano é uma dos grandes nomes da soul brasileira. Grande cantor, instrumentista versátil e um compositor genial. No fim da década de 1940 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro (RJ). Foi nessa época que aprendeu com o pai os primeiros acordes de bandolim e violão. Trabalhou como ajudante de pedreiro.No início da década de 1960 fundou o conjunto Bossa Trio, mais tarde denominado Os Diagonais (c/ seu irmão Camarão, Hyldon e Amaro), grupo com o qual viajou por cidades mineiras e baianas.Em 1969, o grupo gravou pela Epic/CBS alguns compactos e um único LP "Cada um na sua", no ano de 1971, no qual o grupo incluiu "Não dá pra entender" e "Clarimunda", as duas de sua autoria.Ao lado de Tim Maia, Carlos Dafé, Banda Black Rio, Gérson King Combo e Hyldon, foi um dos precursores da soul music no Brasil. Influenciado tanto pela música negra norte-americana, particularmente Stevie Wonder e Ottis Redding, quanto por Lupicínio Rodrigues. Devido ao comportamento controverso, assim como o do amigo Tim Maia, ambos se auto-intitulavam músicos doidões.Tocou ao longo da década de 1960 na noite do Rio e de São Paulo. Só viria a se tornar conhecido em 1970, quando participou como guitarrista no primeiro disco de Tim Maia, que gravou duas composições suas em parceria com Sílvio Rochael "Eu amo você" e "Primavera", que logo se tornaram sucessos naquele ano.Em 1971, lançou pela RCA Victor seu primeiro LP solo "Imagem e som". Neste LP, interpretou "Ela mandou esperar" e "Tenho dito", ambas em parceria com Tim Maia, e ainda "Primavera" (c/ Silvio Rochael) e "Uma lágrima".

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1 Lenda

2 Ela mandou esperar

3 Tenho dito

4

5 É isso aí

6 O caso das bossas

7 Eu, meu filho e você

8 Primavera (Vai chuva)

9 Minister

10 Uma lágrima

11 Canção dos hippies (Paz e amor)

12 Não fique triste

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Na rua, na chuva, na fazenda (1975) - Hyldon


Projetado nos anos 70 com os sucessos radiofônicos Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) e As Dores do Mundo, Hyldon encorpa seu repertório com as 14 inéditas gravadas para o CD Soul Brasileiro, já em fase final de produção. Como o trocadilho do título já anuncia, o cantor - em foto de César Oiticica - dá tom mais nacionalista à obra moldada conforme os cânones da soul music. Das 14 faixas, doze foram compostas recentemente - algumas durante o processo de gravação do disco, iniciado em julho de 2007 - e duas foram retiradas do baú dos anos 70. Rapaz de São Paulo é um soul composto há 35 anos e enfim gravado em Soul Brasileiro com a guitarra de Roberto Frejat. Já Três Éguas, um Jumento e uma Vaca é um samba-rock feito por Hyldon para Emilio Santiago, que não o gravou. O registro tardio do autor conta com intervenções do trombone de Marlon Sette, que toca também em outra música, Domingo Triste.
Soul Brasileiro ostenta time estelar de convidados. A começar por Chico Buarque, que toca kalimba em Medo da Solidão. Zeca Baleiro toca violão em A Moça e o Vagabundo, toada brejeira que compôs em parceria com Hyldon. Carlinhos Brown toca percussão e baixo em Bahia do H. O timbaleiro produziu e mixou a faixa em seu estúdio Ilha dos Sapos, em Salvador (BA). Zé Américo toca sanfona em Forró da Boca Pequena. Afonso Machado toca bandolim em O Choro do Brown, parceria de Hyldon com Ricardo Brasil. O Último Latino-Americano conta com vocais de Karla Sabah e declamação do poeta Mauro Santa Cecília, parceiro de Hyldon na música. Já O Vento que Vem do Mar aglutina as vozes de Carlos Dafé, Dalto, Jorge Vercillo, Tunai e Carlinhos Vergueiro.
Entre inéditas como Brazilian Samba Soul e Copacabana Beach, Hyldon ainda homenageia Guinga no tema isntrumental A Viola e a Moringa (Guinguiana). "O disco é a busca da simplicidade, da coisa orgânica. É muito intuitivo. Não teve nada planejado. As coisas foram acontecendo. No fim, ficou o disco mais brasileiro que eu já fiz. Daí o nome. Eu me deixei levar pela música, sem pensar no mercado, em crise de gravadora ou em jogadas de marketing. O meu sentimento o tempo todo era de uma criança com seu brinquedo predileto: a música. Quem ouvir com o coração aberto vai compartilhar esse sentimento", acredita Hyldon, que, na seqüência da edição do CD Soul Brasileiro, planeja gravar o primeiro DVD com os hits que emplacou nos anos 70. Ou seja, As Dores do Mundo e Na Rua, na Chuva, na Fazenda.
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posted by Mauro Ferreira
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Na Sombra de Uma Árvore

Larga de ser boba e vem comigo
Existe um mundo novo e quero te mostrar
Que não se aprende em nenhum livro
Basta ter coragem pra se libertar, viver, amar
De que valem as luzes da cidade
Se no meu caminho a luz é natural
Descansar na sombra de uma árvore
Ouvindo os pássaros cantar, cantar, é...
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Hyldon - Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda 1975


01 - Na rua, na chuva, na fazenda [Casinha de sapê] (Hyldon)02 - Na sombra de uma árvore (Hyldon)03 - Vamos passear de bicicleta? (Hyldon)04 - Acontecimento (Hyldon)05 - Vida engraçada (Hyldon)06 - As dores do mundo (Hyldon)07 - Guitarras, violinos e instrumentos de samba (Hyldon)08 - Sábado e domingo (Nenem - Hyldon)09 - Eleonora (Hyldon)10 - Balanço do violão (Beto Moura - Hyldon)11 - Quando a noite vem (Hyldon)12 - Meu patuá (Hyldon)
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Racional (1975)- Tim Maia


Raridade nos sebos, os dois volumes do LP que o músico gravou nos 70 para a seita Universo em Desencanto viraram objeto de culto no Brasil e na Inglaterra.



O que há em comum entre um rapper carioca e o filho de um ex-piloto escocês de Fórmula 1? Marcelo D2, vocalista do Planet Hemp, e Paul Stewart, filho de Jack Stewart, são alguns dos fãs de Tim Maia que compraram a preço de ouro os poucos exemplares disponíveis dos dois volumes do disco Tim Maia Racional. Lançados em 1975 e 1976 (pelo selo Seroma, abreviação de seu nome, Sebastião Rodrigues Maia), durante a fase mais obscura do cantor, os álbuns ainda não foram relançados em CD, mas podem ser encontrados em sebos e feiras por até R$ 250,00 (o preço pago pelo emissário de Stewart, o piloto brasileiro Luciano Burti). São dois deliciosos discos de Tim, que na época mergulhou fundo nos ensinamentos da seita Universo em Desencanto, liderada por Manuel Jacinto Coelho, uma espécie de Edir Macedo da ufologia. As letras, que divulgavam a filosofia "Racional", são confusas e bizarras, mas passam desapercebidas diante do talento musical de Tim, que se encontrava no auge. Pode-se ouvir funk e soul de primeira qualidade em faixas como Imunização Racional (Que Beleza) (gravada por Gal Costa no disco Aquele Frevo Axé, de 1998), Rational Culture (sampleada por D2 na música Fazendo Efeito, do seu disco solo, Eu Tiro É Onda, também de 98), Bom Senso, You Don’t Know What I Know, (todas do Volume 1), Quer Queira Quer Não Queira e Que Legal, do Volume 2. Motel de extraterrenos Não se sabe muito por que uma figura como Tim Maia, que sempre alimentou a fama de polêmico e rebelde, saiu por aí cantando coisas do tipo "Já não dependo das loucuras/ Já encontrei o que fazer/ Agora sei outra verdade/ Estou vivendo com prazer/ De viver" (trechos da faixa Paz Interior). Durante sua fase messiânica, que durou cerca de seis meses, Tim deixou de usar drogas, teve um filho (Carmelo Maia), mas percebeu que não iria tão cedo trocar figurinha com seres de outros planetas, que era o seu grande objetivo ao entrar para a seita. "Quando cheguei lá, vi que o negócio era umbanda, candomblé, baixo espiritismo (...) "Ele (Jacinto Coelho) passou 15 anos com seu Sete da Lira e tinha uma propriedade enorme em Nova Iguaçu, que incluía até um motel para extraterrenos", afirmou o cantor, em entrevista à revista Playboy, em 1991. Tim nunca mais quis saber daqueles dois discos. Em entrevista recente ao jornal Estado de S. Paulo, Marisa Monte contou que, quando resolveu gravar Que Beleza, foi desaconselhada pelo cantor. "Pô, mas por que que tu não esquece isso, Marisa Monte? Deixa isso para lá, Marisa Monte!", disse ele. Tim Maia não foi o único artista a se seduzir pelos dogmas do Universo Desencanto – Jackson do Pandeiro, o lendário ritmista paraibano, andou compondo algumas emboladas em homenagem à seita. Paulinho Guitarra, que hoje toca com Ed Motta e com a reformada Banda Black Rio, participou das gravações dos dois Tim Maia Racional. Ele se espanta com a notoriedade tardia dos discos: "Eles viraram culto agora, porque na época a crítica execrou". As bases, conta ele, foram gravadas no final de 1974, nos antigos estúdios da RCA (hoje Companhia dos Técnicos), em Copacabana. Ou seja, antes de Tim entrar para a seita, levado pelo músico Tibério Gaspar. Uma vez convertido, o cantor mudou as letras e os títulos das músicas. Adios San Juan de Puerto Rico, por exemplo, virou Quer Queira Quer Não Queira. Serginho Trombone, que trabalhou nos dois volumes do Tim Maia Racional junto com músicos como Paulinho, Robson Jorge (guitarras e teclados) e Oberdan Magalhães (sax e flauta, que mais tarde fundaria a Black Rio) tem poucas lembranças daquela época, mas se diverte ao lembrar algumas histórias. "Foi uma fase muito doida. O Tim vivia olhando para o céu procurando disco voadores. O pior de tudo é que ele convenceu a banda inteira a entrar para a seita. Pintamos todos os instrumentos de branco, até a bateria", lembra. "Ele acabou sendo o grande prejudicado, pois teve de se livrar de todos os produtos materiais de seu apartamento. Jogou fora fogão, geladeira e até o carpete da sala." Foi para lançar os dois Tim Maia Racional que o cantor fez sua primeira incursão pelo mercado independente, fundando a Seroma. Difícil, porém, foi fazer a distribuição e divulgação dos discos. "Era a gente mesmo que levava os discos às lojas", conta Paulinho Guitarra. "Quando as pessoas procuravam pelo novo disco do Tim Maia e viam aquela capa ficavam assustadas." O resultado foi que, exceto por Que Beleza (a música menos explicitamente doutrinária do disco), as faixas não tocaram no rádio e os discos pouco venderam. Os shows do Tim Maia Racional eram feitos a título de "divulgação da Cultura Racional", sendo acompanhados quase que exclusivamente por seguidores do Universo em Desencanto que vinham em caravana. Apesar disso, tudo foi bem, mas só até Tim se desiludir com Manuel. Quando isso aconteceu, segundo Paulinho, o cantor armou um verdadeiro escândalo, gritando pela janela, para os que passavam na rua, que tudo aquilo do Universo era mentira. Relançamento barrado O filho de Tim, Carmelo, adiantou que várias gravadoras mostraram interesse em relançar os dois discos, que só não chegaram às lojas por causa de brigas judiciais entre herdeiros do cantor. Enquanto isso, os álbuns são disputados a tapa até no exterior. Paul Stewart praticamente intimou Luciano Burti, piloto de teste da equipe Jaguar, que pertence ao seu pai (o tricampeão de Fórmula 1) a conseguir um dos dois exemplares do Tim Maia Racional. Depois de uma peregrinação pelos sebos brasileiros, Burti acabou encontrando o disco por R$ 250,00 (chegaram a lhe oferecer por R$ 1 mil) e garantiu o seu emprego na equipe. Marcelo D2, que nunca escondeu sua admiração por Tim Maia, conseguiu o mesmo disco por um preço mais barato (pagou R$ 80). Além de samplear a música Racional Culture, D2 ainda citou o "som de Tim Maia Racional" na música O Império Contra-Ataca.



1
Imunização racional (Que beleza)

(Tim Maia)

2
O grão mestre varonil

(Tim Maia)

3
Bom senso

(Tim Maia)

4
Energia racional

(Tim Maia)

5
Leia o livro Universo em Desencanto

(Tim Maia)

6
Contacto com o mundo racional

(Tim Maia)

7
Universo em desencanto

(Tim Maia)

8
You don't know what I know

(Tim Maia)

9
Rational culture

(Tim Maia)
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vol:02


1
Quer queira quer não queira

(Fábio - Tim Maia)

2
Paz interior

(Édson Trindade)

3
O caminho do bem

(Beto - Sergio - Paulo)

4
Energia racional

(Tim Maia)

5
Que legal

(Tim Maia)

6
Cultura racional

(Beto Cajueiro)

7
O dever de fazer propaganda deste conhecimento

(Robson Jorge)

8
Quiné Bissau, Moçambique e Angola racional

(Tim Maia)

9
Imunização racional (Que beleza)

(Tim Maia)

Di Melo (1975)- Di Melo


retirado do blog OURO DE TOLO: http://ouro-de-tolo.blogspot.com/2007/09/di-melo-di-melo-1975.html

Se você desconhece este cidadão, saiba que tá perdendo um som que não é brincadeira. Di Melo é um um cantor e compositor pernambucano que diz a lenda, sempre estava bem acompanhado. Mas isso não vem ao caso hehehe, o que vem ao caso é que esse rapaz é um dos muitos músicos injustiçados Brasil a fora. Considerado um dos pioneiros da música soul aqui no Brasil, Di Melo é desconhecido do grande público e é até difícil de compreender como o cidadão ficou no anonimato fazendo o som que faz. Vai entender...
Di Melo só tem um disco lançado, e pasmem(música de suspense)...é esse mesmo que eu vou deixar aí para os apreciadores de boa música baixarem. Soul, funk e Mpb de primeira no mesmo prato e para complicar mais a situação, os arranjos são do "bruxo dos sons" Hermeto Pascoal. Esse é discaço, vale a pena e essa tal de "Se o mundo acabasse em mel"...só pode ser brincadeira.
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Músicas:
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1 .Kilariô (Di Melo)
2. A vida em seus métodos diz calma (Di Melo)
3. Aceito tudo (Vidal França - Vithal)
4. Conformópolis (Waldir Wanderley da Fonseca)
5. Má-lida (Di Melo)
6. Sementes (Di Melo)
7. Pernalonga (Di Melo)
8. Minha estrela (Di Melo)9. Se o mundo acabasse em mel (Di Melo)
10. Alma gêmea (Di Melo)
11. João (Maria Cristina Barrionuevo)
12 .Indecisão (Terrinha)
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Abrace essa pérola: Di Melo - Di Melo (1975)
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Postado por Felipe "Globis"

Clube da Esquina (1972)- Milton Nascimento e Lô Borges


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Em 1972, Milton e Lô gravaram o disco Clube da Esquina, que chamou a atenção pelas composições engajadas e a miscelânea de sons. A capa trazia a foto de dois meninos (um negro e um branco), na beira de uma estrada em Nova Friburgo.
O LP foi eleito em uma lista da versão brasilieira da revista Rolling Stone como o sétimo melhor disco brasileiro de todos os tempos.
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1. Tudo que você podia ser (Márcio Borges - Lô Borges) 2. Cais (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos) 3. O trem azul (Lô Borges - Ronaldo Bastos) 4. Saídas e Bandeiras nº 1 (Milton Nascimento - Fernando Brant) 5. Nuvem cigana (Lô Borges - Ronaldo Bastos) 6. Cravo e canela (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos) 7. Dos cruces (Carmelo Larrea) 8. Um girassol da cor de seu cabelo (Márcio Borges - Lô Borges) 9. San Vicente (Milton Nascimento - Fernando Brant) 10. Estrelas (Márcio Borges - Lô Borges) 11. Clube da Esquina nº 2 (Lô Borges - Milton Nascimento) 12. Paisagem na janela (Lô Borges - Fernando Brant) 13. Me deixa em paz (Ayrton Amorim - Monsueto) 14. Os povos (Márcio Borges - Milton Nascimento) 15. Saídas e Bandeiras nº 2 (Milton Nascimento - Fernando Brant) 16. Um gôsto de Sol (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos) 17. Pelo amor de Deus (Milton Nascimento - Fernando Brant) 18. Lilia (Milton Nascimento - Fernando Brant) 19. Trem de doido (Márcio Borges - Lô Borges) 20. Nada será como antes Milton Nascimento - Ronaldo Bastos) 21. Ao que vai nascer (Milton Nascimento - Fernando Brant)
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NADA SERÁ COMO ANTES
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Eu já estou com o pé nessa estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está, amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está, amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
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http://rapidshare.com/files/35925772/1972_Clube_da_Esquina_aisporecords_-enumaeslyh.blogspot.rar

Secos e Molhados (1973)


Lançado em junho de 1973, pela gravadora Continental, o primeiro LP dos Secos & Molhados foi gravado em apenas 15 dias num estúdio de quatro canais, com produção e arranjos feitos pelos próprios músicos e alguns técnicos de som da gravadora como o excelente profissional Francisco Luis Russo (Zorro), que gravou e mixou todas as faixas do disco, que misturava tropicalismo, rock progressivo, folk, fado português, mpb e poesia musicada de poetas como Vinícius de Moraes e Manuel Bandeira.Como produto genuino do rock setentista, este primeiro disco dos Secos & Molhados conseguiu sobreviver intacto à passagem do tempo. Até hoje, e apesar dos parcos recursos utilizados para a gravação, este álbum se mostra atual, principalmente pelo conteúdo literário das suas canções, seus temas ainda continuam estabelecendo diferenciais na música brasileira. Sua capa, por exemplo, com a foto clássica das quatro cabeças postas sobre a mesa, em meio a pratos suculentos, apresentando o músico Marcelo Frias como quarto integrante do grupo, se tornou uma das mais emblemáticas peças gráficas da história das capas de discos do Brasil. O fotógrafo Antonio Carlos Rodrigues, responsável pela foto, a considera como a sua criação mais fantástica, segundo ele, "tudo nessa capa é fantástico, o momento em que aconteceu, o fato do disco ter vendido quase um milhão de cópias, etc."
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1973 - Secos & Molhados (Continental)


01 Sangue Latino (João Ricardo - Paulinho Mendonça)

02 O Vira (João Ricardo - Luli)

03 O Patrão Nosso De Cada Dia (João Ricardo)

04 Amor (João Apolinário - João Ricardo)

05 Primavera nos Dentes (João Apolinário - João Ricardo)

06 Assim Assado (João Ricardo)

07 Mulher Barriguda (Solano Trindade - João Ricardo)

08 El Rey (Gerson Conrad - João Ricardo)

09 Rosa De Hiroshima (Gerson Conrad - Vinícius De Moraes)

10 Prece Cósmica (João Ricardo - Cassiano Ricardo)

11 Rondó Do Capitão (João Ricardo - Manoel Bandeira)

12 As Andorinhas (João Ricardo - Cassiano Ricardo)

13 Fala (João Ricardo - Luli)
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20 Palavras ao redor do Sol (1980)- Cátia de França




Paraibana de João Pessoa, aprendeu na infância a tocar piano, violão, sanfona, flauta e percussão. Foi professora de música em sua cidade natal por algum tempo, até começar a compor em parceria com o poeta Diógenes Brayner. Participou de festivais de música popular na década de 60, época em que viajou à Europa com um grupo folclórico. Em 1970 saiu o primeiro compacto duplo, com músicas vencedoras de um festival estadual. De volta ao Brasil, foi para o Rio de Janeiro, onde travou contato com outros músicos nordestinos, como Zé Ramalho, Amelinha e Sivuca. O primeiro LP solo, "20 Palavras ao Redor do Sol", foi lançado em 1979, com músicas compostas sobre poemas de João Cabral de Melo Neto. Gravou outros discos nos anos 80 e em 1997 lançou o primeiro CD, "Avatar", com composições baseadas nos poemas de Manoel de Barros e na literatura de José Lins do Rego. Alguns intérpretes já gravaram músicas suas, como Elba Ramalho ("Kukukaya", "Oitava"). Chico César e Xangai participam de "Avatar".
CLIQUEMUSIC
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ENSACADO
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moinhos não morrem ventos
partidas não são só lenços
saudades não são soluços
nem solução pra espera
nem salvação dos pecados
tristezas não lavam pratos
resguardam restos desejos
flores e frutos do mal
por isso muito cuidado
queime de febre e não dobre
não quebre nunca, não morra
não corra atrás do passado
nem tente o ponto final
agüente firme a picada
da abelha, daquela velha
melada melancolia
segure a barra, requente
o caldo da sopa fria
vá cultivando a semente
até que um dia arrebente
o saco cheio de sol
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1979 – 20 Palavras ao redor do Sol (Epic/CBS)

1 O bonde (Cátia de França)
2 Quem vai quem vem (Cátia de França)
3 Vinte palavras ao redor do Sol (Cátia de França) 4 Djaniras (Israel Semente/Cátia de França/Xangai)
5 Kukukaya - Jogo da asa da bruxa (Cátia de França)
6 Itabaiana (Cátia de França)
7 Porto de Cabedelo (Cátia de França)
8 Ensacado (Sergio Natureza/Cátia de França)
9 Coito das araras (Cátia de França)
10 Os galos (Cátia de França)
11 Sustenta a pisada (Cátia de França)
12 Eu vou pegar o metrô (Lourival Lemes/Cátia de França)




http://www.megaupload.com/?d=H7LMNCFX

Ou Não (1973)- Walter Franco


Walter Franco - Ou Não (1973) Faixas:01. Mixturação 02. Água e Sal 03. No Fundo do Poço 04. Pátio dos Loucos 06. Flexa 07. Me Deixe Mudo 08. xaxados e Perdidos 09. Doido de Fazê Dó 10. Vão de Boca 11. Cabeça
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TIRADO DO BLOG BRAZILIAN NUGGETS - brnuggets.blogspot.com
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Quando Walter Franco apareceu, de "Cabeça" na música popular brasileira, quase não tinha antecedentes. Nem os protagonistas da Tropicália tinham ido tão longe. Era música concreta "in concreto". Foi no Festival da Globo de 1972. E sua bravura mobilizou a intervenção de gente como Décio Pignatari, Rogério Duprat e Julio Medaglia, integrantes do júri que foi destituído pela direção -- porque ousou indicar o nome de Walter como vencedor do Festival. "Cabeça" e "Me Deixe Mudo" -- a explosão da letra em estilhaços de poesia e a sua implosão nos ecos do silêncio -- composições que, como eu disse em meu "Balanço", racharam a cabeça da música popular, estão no primeiro LP de Walter o disco branco "Ou Não", gravado em fins de 1972 e editado no ano seguinte. De bate-pronto, Caetano respondia com "Araçá Azul",a sua aventura radical, e essa foi talvez a mais bela conversa de guerrilhas jamais travada no âmbito da nossa música popular de invenção bombas cruzadas de bahia e sampa, poema e samba. "Revolver" continuou a antitradição de "Ou Não" com as explosões/implosões dos seus mantras, do primal "feito gente" ao quase mudo "e(ter)na(mente)". Walter seguiu adiante com "Vela Aberta". Mas, minado pela mediocridade da mídia, seu caminhar se fez mais secreto. Seus novos riscos quase não foram vistos pelo público. Um dia ele escreveu o poema certo: "o ab(surdo) não h(ouve)". Oucám Walter Franco.
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Texto de Augusto de Campos, escrito em 2000.
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Eu quero é botar meu bloco na rua! (1973) - Sérgio Sampaio





















À memória de Sérgio Sampaio
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Vitor Lopes · Vitória (ES) · 18/4/2007


Comentam pelas ruas da cidade que ele sempre foi muito mais visto por ali do que o seu conterrâneo mais famoso, o compositor Roberto Carlos. A irmã, Mara, ouve até hoje o som do seu assovio quando chega a Cachoeiro de Itapemirim para visitar parentes. Hoje, morando em Vitória, capital do Espírito Santo, não precisa se deslocar à cidade em que nasceu para relembrar de como era viver ao lado do seu irmão Sérgio Sampaio, autor do disco “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua” (1973), que, se vivo, completaria 60 anos no dia 13 de abril.Sérgio Sampaio – que faleceu em maio de 1994 - luta até hoje para que sua música seja reconhecida do tamanho que ela é, para que a cidade em que nasceu e onde foi finalmente sepultado em 1998, após ficar dois anos esquecido em um cemitério no Rio de Janeiro, celebre em sua história os pensamentos deste artista de vanguarda, responsável por uma mistura única do tradicionalismo da música nacional com a febre da composição eletrônica da guitarra.Em Cachoeiro, sul do Espírito Santo, cidade que Sérgio tanto celebrou em conversas com amigos, não houve passeata para lembrar do seu nascimento. As escolas não fizeram peças de teatros, a prefeitura não organizou shows nem nenhum outro tipo de homenagem. A cidade calou-se em um minuto de silêncio que já dura décadas.Alertados sobre a data, produtores culturais da cidade se movimentaram. No dia 14 a Secretaria de Cultura da cidade organizou um evento musical em homenagem a...Vinícius de Moraes. Não tinham tempo para falar de Sérgio, mas iriam mencioná-lo de raspão na celebração ao carioca.O compositor, que sempre quis ter uma canção sua gravada por Roberto Carlos – o que nunca ocorreu -, viveu no ostracismo, sendo o adjetivo de ‘maldito’ muito mais dito do que a própria obra.A irmã Mara lamenta. Dói para ela saber que Sérgio Sampaio está esquecido, que não é nome de rua, não é nome de praça, não é nome de escola, não é lembrança de nada. Cachoeiro apagou para si a memória de um dos nomes mais importantes da história da música latino-americana.De longe, Mara ouve na memória os assovios do irmão e afirma que mesmo famoso para uns, o Sérgio só queria o tempo todo ir a Cachoeiro encontrar a família e os amigos de bar. “Era nas letras dele que você podia sentir o que ele queria”, comenta. E isso, o próprio Sérgio deixou claro: “Tudo cruel, tudo sistema (...) Eu subo e nunca estou no céu”.

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1. Lero e leros e boleros
2. Filme de terror
3. Cala a boca Zébedeu
4. Pobre meu pai
5. Labirintos negros
6. Eu sou aquele que disse
7. Viajei de trem
8. Não tenha medo, não (rua Moreira, 65)
9. Dona Maria de Lourdes
10. Odete
11. Eu quero é botar meu bloco na rua
12 Raulzito Seixas

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Eu quero é botar meu bloco na rua


Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca
Que eu fugi da briga
Que eu cai do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou
Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa
Mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou
Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Ginga pra dar e vender


Eu por mim queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo
Um grilo menos nisso
É disso que eu preciso
Ou não é nada disso
Eu quero é todo mundo nesse carnaval
Eu quero é botar meu bloco na rua…

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http://www.4shared.com/file/28105389/6ff1640d/1973_Eu_Quero__Botar_Meu_Bloco_na_Rua.html1974

Alucinação (1976) - Belchior


Clássico de Belchior e da MPB. Não fala da Bahia, não é protesto e nem carnaval. Desencanto e Pessismismo estão diluidos nesse disco. Vale a pena ouvir.


01 Apenas Um Rapaz Latino-Americano (Belchior) 02 Velha Roupa Colorida (Belchior) 03 Como Nossos Pais (Belchior) 04 Sujeito De Sorte (Belchior) 05 Como O Diabo Gosta (Belchior) 06 Alucinação (Belchior) 07 Não Leve Flores (Belchior) 08 A Palo Seco (Belchior) 09 Fotografia 3 X 4 (Belchior) 10 Antes Do Fim (Belchior)
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Como o diabo gosta
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Não quero regra nem nada
Tudo tá como o diabo gosta, tá,
Já tenho este peso, que me fere as costas,
e não vou, eu mesmo, atar minha mão.
O que transforma o velho no novo
bendito fruto do povo será.
E a única forma que pode ser norma
é nenhuma regra ter;
é nunca fazer nada que o mestre mandar.
Sempre desobedecer.
Nunca reverenciar.
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Molhado de Suor (1974)- Alceu Valença


01-Vou Danado Pra Catende 02- Borboleta 03- Punhal de Prata 4- Dia Branco 5- Cabelos Longos 6- Molhado de Suor 7- Mensageira dos Anjos 8- Papagaio do Futuro 9- Dente de Ocidente 10- Pedras de Sal

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Um dos melhores discos de Alceu Valença. Um exemplo de sua fase Psicodélica...

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Punhal de Prata


Eu sempre andei descalço

No encalço dessa menina

E a sola dos meus passos

Tem a pele muito fina

Eu sempre olhei nos olhos

Bem no fundo, nas retinas

E a menina dos olhos

Me mata, me aluncina

Eu sempre andei sozinho

A mão esquerda vazia

A mão direita fechada

Sem medo por garantia

De encontrar quem me ama

na hora que me odeia

Com esse punhal de prata

Brilhando na lua cheia

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Faixas:01. Dois Navegantes 02. Lá Fora 03. Três Margaridas 04. O Pirata 05. Momento na Praça 06. Cidade Grande 07. Seu Waldir 08. Hei! Man 09. Por Que? 10. Corpo em Chamas 11. Geórgia, a Carniceira 12. Sob o Sol de Satã

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Eles usavam batom, beijavam-se na boca em pleno palco, faziam uma música suja, com letras falando de piratas, moças mortas no cio. E eram muito esquisitos; "frangos", segundo uns, e uma ameaça às moças donzelas da cidade, conforme outros. Estes "maus elementos" faziam parte do Ave Sangria, ex-Tamarineira Village, banda que escandalizou a Recife de 1974, da mesma forma que os Rolling Stones a Londres de dez anos antes. Com efeito, ela era conhecida como os Stones do Nordeste. "Isto era tudo parte da lenda em torno do Ave Sangria" - explica, 25 anos depois, Rafles, o ministro da informação do grupo. "O baton era mertiolate, que a gente usava para chocar. Não sei de onde surgiu esta história de beijo na boca, a única coisa diferente na turma eram os cabelos e as roupas." Rafles por volta de 68, era o "pirado" de plantão do Recife. Entre suas maluquices está a de enviar, pelo correio, um reforçado baseado, em legítimo papel Colomy, para Paul McCartney. Meses depois, ele recebeu a resposta do Beatle: uma foto autografada como agradecimento. Foi Rafles quem propôs o nome Tamarineira Village, quando o grupo tomou uma forma definitiva, com a entrada do cantor e letrista Marco Polo. Isto aconteceu depois da I Feira Experimental de Música de Fazenda Nova. Até então, sem nome definido, Almir Oliveira, Lula Martins, Disraeli, Bira, Aparício Meu Amor (sic), Rafles, Tadeu, e Ivson Wanderley eram apenas a banda de apoio de Laílson, hoje cartunista do DP. Marco Polo, um ex-acadêmico de Direito, foi precoce integrante da geração 45 de poetas recifenses. Com 16 anos, atreveu-se a mostrar seus poemas a Ariano Suassuna e a Cesar Leal. Foi aprovado pelos dois e lançou seu primeiro livro em 66. Em 69, iniciou-se no jornalismo, como repórter do Diário da Noite. Logo ganhou mundo. Em 70, trabalhou por algum tempo no Jornal da Tarde, em São Paulo, mas logo virou hippie, trabalhando como artesão na desbundada praça General Osório, em Ipanema. O primeiro show como Tamarineira Village foi o Fora da Paisagem, depois do festival de Fazenda Nova. Vieram mais dois outros shows, Corpo em Chamas e Concerto Marginal. A partir daí a banda amealhou um público fiel. CiganosA mudança do nome aconteceu quando o grupo passou a ser convidado para apresentações em outros Estados. Os músicos cansaram-se de explicar o significado de Tamarineira Village. O Ave Angria, segundo Marco Polo, foi sugestão de uma cigana amalucada, que encontraram no interior da Paraíba: "Ela gostou de nossa música e fez um poema improvisado, referindo-se a nós como aves sangrias. Achamos legal. O sangria, pelo lado forte, sangüíneo, violento do Nordeste. O ave, pelo lado poético, símbolo da liberdade do nosso trabalho. Na época, o som do Quinteto Violado era uma das sensações da MPB. Não tardou para as gravadoras mandarem olheiros ao Recife em busca de um novo quinteto. A RCA foi uma delas. O Ave Sangria foi sondado e recusou a proposta (a RCA contratou a Banda de Pau e Corda). O disco viria com a indicação da banda, pelo empresário dos Novos Baianos, à Continental, a primeira gravadora a apostar no futuro do rock nacional. Antecipando a gozação por serem nordestinos, os integrantes da banda chegaram no estúdio Hawai, na Avenida Brasil, Rio, todos de peixeira na mão: "Falamos para o pessoal ter cuidado, porque a gente vinha da terra de Lampeão", relembra Almir Oliveira. Foi um dos poucos momentos de descontração da banda. Com exceção de Marco Polo, nenhum dos integrantes conhecia o Rio e jamais haviam entrado num estúdio de gravação. De peixeira na mãoComo agravante, quem produziu o disco foi o pouco experiente Marcio Antonucci. Ex-ídolo da Jovem Guarda (formou a dupla Os Vips, com o irmão Ronaldo), Antonucci ficou perdido com o som que tinha em mãos, e o pôs a perder: "Ele não entendeu nada daquela mistura de rock e música nordestina que a gente fazia, e deixou as sessões rolarem. O diabo é que a gente também não tinha a menor experiência de estúdio", conta o guitarrista Paulo Rafael. Resultado: o disco acabou cheio de timbres acústicos. O Ave Sangria, involuntariamente, virou uma espécie de Quinteto Violado udigrudi. E adulterado não foi apenas o som. A gravadora não topou pagar pela arte da capa e colocou em seu lugar um arremedo do desenho original, assinado por Laílson. O disco, mesmo pouco divulgado, conseguiu relativo sucesso no Sudeste, e vendeu bastante em alguns Estados do Nordeste. Uma das músicas que fizeram mais sucesso, e polêmica, foi o samba-choro Seu Waldir. "Seu Waldir o senhor/ Machucou meu coração/ Fazer isto comigo, seu Waldir/ Isto não se faz não... Eu quero ser o seu brinquedo favorito/ Seu apito/ Sua camisa de cetim..." Numa época em que a androginia tornava-se uma vertente da música pop. Lá fora com o gliter rock de David Bowie, Gary Glitter e Roxy Music com Alice Cooper, a aqui com o rebolado dos Secos & Molhados, Seu Waldir foi considerado pelos moralistas pernambucanos como uma apologia ao homossexualismo, quando não passava de uma brincadeira do irreverente do Ave Sangria. Seu Waldir por pouco não vira mito. Uns diziam que era um senhor que morava em Olinda, pelo qual o vocalista do Ave Sangria apaixonara-se. Outros, que se tratava de um jornalista homônimo. Enfim, acreditava-se que o tal Waldir era um personagem de carne e osso. Marco Polo esclarece a história do personagem "Eu fiz Seu Waldir, no Rio, antes de entrar na banda. Ela foi encomendada por Marília Pera para a trilha da peça A Vida Escrachada de Baby Stomponato, de Bráulio Pedroso, que acabou não aproveitando a música". O Departamento de Censura da Polícia Federal não levou fé nesta versão. Proibiu o LP e determinou seu recolhimento em todo território nacional. A proibição incitada, segundo os integrantes do Ave Sangria, pelo hoje colunista social do Diário de Pernambuco, João Alberto: "Ele tocava a música no programa de TV que ele apresentava e comentava que achava um absurdo, que uma música com uma letra daquelas não poderia tocar livremente nas rádios", denuncia Rafles. Almir Oliveira diz que lembra dos comentários do jornalista na televisão: "Mas não atribuo diretamente a ele. Se não fosse ele, teria sido outra pessoa, a música era mesmo forte para a época", ameniza. A proibição, segundo comentários da época, deveu-se a um general, incentivado pela indignação da esposa, que não simpatizou com a declaração de amor a seu Waldir. O disco foi relançado sem a faixa maldita, mas aí o interesse da mídia pelo grupo já havia passado. A Globo, por exemplo, desistiu de veicular o clipe feito para o Fantástico, com a música Geórgia A Carniceira. O grupo perdeu o pique: "A gente era um bando de caras pobres, alguns já com filhos, a grana sempre curta. No aperto, chegamos até a gravar vinhetas para a TV Jornal (uma delas para o programa Jorge Chau)", relembra Marco Polo. Em dezembro de 1974, o Ave Sangria parecia querer alçar vôo novamente. O grupo fez uma das suas melhores apresentações, com o show Perfumes & Baratchos. O público que foi ao Santa Isabel não sabia, mas teve o privilégio de assistir ao canto de cisne da Ave Sangria. Foi o último show e o fim da banda.

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Texto de José Teles, publicado no site Senhor F.

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No Sub Reino dos Metazoários (1973) - Marconi Notaro


Faixas: 01. Desmantelado 02. Ah Vida Ávida 03. Fidelidade 04. Maracatú 05. Made in PB 06. Antropológica 07. Antropológica 2 08. Sinfonia em Ré 09. Não Tenho Imaginação pra Mudar de Mulher 10. Ode a Satwa

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O LP 'No Sub Reino dos Metazoários', de Marconi Notaro, é dos expoentes da cena psicodélica nordestina. Lançado em 1973, enquadra-se na linha de obras como os discos de Lula Côrtes & Lailson - 'Paebirú' e 'Satwa', clássicos da psicodelia nacional.Ultra-psicodélico em alguns momentos, o disco abre com o samba 'Desmantelado' (composto por Notari em 1968, "nos áureos tempos do Teatro Popular do Nordeste), com o regional formado por Notari, Robertinho de Recife, Zé Ramalho e Lula, entre outros. A segunda faixa, 'Ah Vida Ávida', com 'Notaro jogando água na cacimba de Itamaracá', mais Lula na 'cítara popular' e Zé Ramalho na viola indicam o que vem a seguir, um misto de alucinada psicodelia com pinceladas da mais singela música popular, como o frevinho 'Fidelidade' (... "permaneço fiel às minhas origens, filho de Deus, sobrinho de Satã" ...). O momento mais radical disco álbum é a quinta faixa, 'Made in PB', parceria de Notaro com Zé Ramalho, um rockaço clássico, destacando a guitarra distorcida de Robertinho de Recife e efeitos de eco. As músicas 'Antropológicas 1' e 'Antropológica 2', como a maioria das outras canções, são improvisos de estúdio, reunindo os músicos já citados, com ótimo resultado sonoro e poético. Com produção do pessoal do grupo multimídia de Lula Côrtes e sua mulher Kátia Mesel, o disco foi gravado nos estúdio da TV Universitária de Recife e da gravadora Rozenblit, também na capital pernambucana. A capa é um desenho de Lula Côrtes, tão chapado esteticamente quanto o som que o tosco papelão embalava, com uma foto de Marconi Notaro no centro, com o rosto dividido entre a capa frontal e a contracapa.O álbum, infelizmente, como a maioria do catálogo da Rozenblit permanece inédito, esperando uma cuidada reedição oficial. O LP original é praticamente impossível de ser encontrado, mas uma ótima cópia em CDr já circula no universo de colecionadores.
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Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.
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SATWA (1973) - Lailson & Lula Côrtes



SATWA-1973
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01. Satwa
02. Can I Be Satwa
03. Alegro Piradíssimo
04. Lia, a Rainha da Noite
05. Apacidonata
06. Amigo
07. Atom
08. Blue do Cachorro Muito Louco
09. Valsa dos Cogumelos
10. Alegria do Povo

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O raro ‘Paêbirú’ com Zé Ramalho é clássico, mas ‘Satwa’, desta vez com Lailson, é outra obra-prima do pernambucano Lula Côrtes, que não merece a obscuridade a que foi submetida por três décadas.Gravado em 1973, o disco traz a dupla tomada por uma lisergia pós-Woodstock, capaz de assustar incautos ouvintes em pleno 2001. Músicas como ‘Alegro Piradissimo’, ‘Valsa dos Cogumelos’ ou ‘Blue do Cachorro Muito Louco’ não deixa dúvidas sobre o conteúdo do vinil tosco, mas com ótimo som.Instrumental, com pequenas incursões vocais, o disco traz dez canções "produtos mágicos das mentes e dedos de Lailson e Lula", como diz na contra-capa do álbum, produzido pela dupla, mais Kátia. Além dos de Lula e Lailson, Robertinho de Recife também faz uma ponta no disco, tocando ‘lead guitar’ em 'Blue do Cachorro Muito Louco’, um blues lento e viajandão.O som predominante do disco, no entanto, é um folk nordestino/oriental, resultado da mistura da cítara popular tocada por Lula, e da viola de 12 cordas de Lailson. Algo como uma sucessão de ragas ou mantras, interpretadas por Cego Aderaldo movido a incenso, cogumelos e outros "expansores da musculatura mental", como diz Arnaldo Baptista.Fruto da cena nordestina pós-tropicalismo e/ou psicodélica, ‘Satwa’ foi "curtido" nos Estúdios da Rozenblit, em Recife, entre os dias 20 e 31 de janeiro de 1973. Participam do disco, ainda Paulinho Klein, que divide com Lula as "curtições fotográficas" e o engenheiro de som Hercílio Bastos (dos Milagres).Com tiragem limitada e distribuição basicamente regional, o disco desapareceu tão logo surgiu, permanecendo como uma lenda para o restante do país. Sem reedição em vinil, e inédito em cd, ‘Satwa’ ainda não entrou para o catálogo informal de cdrs que, mal ou bem, democratiza o acesso à história musical do país.


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Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado no site http://www.senhorf.com.br/.


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Paêbirú (1974) - Zé Ramalho e Lula Côrtes


Agreste Psicodélico
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Por Cristiano Bastos- rolling stones brasil
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A trilha em busca das origens de Paêbirú, o disco maldito de Lula Côrtes e Zé Ramalho, hoje o vinil mais caro do Brasil
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No dia 29 de dezembro de 1598, os soldados liderados pelo capitão-mor da Paraíba, Feliciano Coelho de Carvalho, encalçavam índios potiguares quando, em meio à caatinga, nas fraldas da Serra da Copaoba (Planalto de Borborema), um imponente registro de ancestralidade pré-histórica se impôs à tropa. Às margens do leito seco do rio Araçoajipe, um enorme monólito revelava, aos estupefatos recrutas, estranhos desenhos esculpidos na rocha cristalina.
O painel rupestre se encontrava nas paredes internas de uma furna (formada pela sobreposição de três rochas), e exibia, em baixo-relevo, caracteres deixados por uma cultura há muito extinta. Os sinais agrupavam-se às representações de espirais, cruzes e círculos talhados, também, na plataforma inferior do abrigo rochoso.Inquietado com a descoberta, Feliciano ordenou minuciosa medição, mandando copiar todos os caracteres. A ocorrência está descrita em Diálogos das Grandezas do Brasil, obra editada em 1618.
O autor, Ambrósio Fernandes Brandão (para quem Feliciano Coelho confiou seu relato), interpretou os símbolos como "figurativos de coisas vindouras". Não se enganara. O padre francês Teodoro de Lucé descobriu, em 1678, no território paraibano, um segundo monólito, ao se dirigir em missão jesuítica para o arraial de Carnoió. Seus relatos foram registrados em Relação de uma Missão do rio São Francisco, escrito pelo frei Martinho de Nantes, em 1706.Em 1974, quase 400 anos depois da descoberta do capitão-mor da Paraíba, os tais "símbolos de coisas vindouras" regressariam. Dessa vez, no formato e silhueta arredondada de um disco de vinil. A mais ambiciosa e fantástica incursão psicodélica da música brasileira - o LP Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol, gravado de outubro a dezembro daquele ano por Lula Côrtes e Zé Ramalho, nos estúdios da gravadora recifense Rozemblit.Contar a história do álbum, longe da amálgama das pessoas, vertentes sonoras e, especialmente, da chamada Pedra do Ingá que o inspirou, é impossível.
Irônico é que o LP original de Paêbirú também tenha se convertido em "achado arqueológico", assim como a pedra, 33 anos depois de seu lançamento. As histórias sobre a produção do disco, como naufragou na enchente que submergiu Recife, em 1975 e, por fim, se salvara, são fascinantes.A prensagem de Paêbirú foi única: 1.300 cópias. Mil delas, literalmente, foram por água abaixo. A calamidade levou junto a fita master do disco para que a tragédia ficasse quase completa. Milagrosamente a salvos ficaram somente 300 exemplares. Bem conservado, o vinil original de Paêbirú (o selo inglês Mr Bongo o relançou em vinil este ano) está atualmente avaliado em mais de R$ 4 mil. É o álbum mais caro da música brasileira. Desbanca, em parâmetros monetários (e sonoros: é discutível), o "inatingível" Roberto Carlos. O Rei amarga segundo lugar com Louco por Você, primeiro de sua carreira, avaliado na metade do preço do "excêntrico" Paêbirú.A expedição no rastro dos mistérios e fábulas de Paêbirú se inicia em Olinda (Pernambuco).
O artista plástico paraibano Raul Córdula me recebe em seu ateliêr. Na parede do sobrado histórico, uma cobra pictográfica serpenteia no quadro pintado por ele. A insígnia foi decalcada da mesma inscrição que, há milênios, permanece entalhada na Pedra do Ingá.No mesmo ano de Louco por Você, 1961, o professor de geografia Leon Clerot apresentou o monumento a Córdula. O professor fizera o convite: "Me acompanhe, e verás algo que jamais se esquecerá". Uma década depois, 1972, Raul Córdula se tornou amigo de José Ramalho Neto, o jovem Zé Ramalho da Paraíba. Os conterrâneos se conheceram no bar Asa Branca, que Córdula tinha na capital, João Pessoa: "O único boteco que ficava aberto na Paraíba inteira depois das oito horas da noite, à base de 'mensalão' pago à polícia". O Zé Ramalho compositor, atesta, nascera no Asa Branca.Córdula quis mostrar a Ramalho "algo que conhecera", e organizou uma ida ao município de Ingá do Bacamarte, localidade conhecida antigamente como Vila do Imperador, por causa da passagem de Dom Pedro II por lá. A localização de Ingá do Bacamarte é a 85 km de João Pessoa, caatinga litorânea, na zona de transição do Agreste para o Sertão. Para "fazer a viagem", Córdula também convidou o artista recifense Lula Côrtes - jovem homem que já vivera muitas aventuras. Mas aquela, proposta por Raul, ainda não.Nenhuma surpresa foi para o guia o fato de Côrtes e Ramalho ficarem tão maravilhados com a rocha lavrada quanto os expedicionários do capitão-mor da Paraíba. A charada talhada na parede de pedra lançava-lhes o provocante desafio: como decifrariam tais arcanos - nunca compreendidos e tão majestosos - numa música que, se não codificasse, ao menos devesse tributar à remota ancestralidade brasileira? Fora essa a centelha que incendiara as idéias. Acampados na caatinga sertaneja, frente a frente com a Pedra do Ingá, Ramalho e Côrtes se decidiram pela produção de um "álbum conceitual".O único jeito de conhecer lula Côrtes é ir visitá-lo no seu habitat: o ateliêr em Jaboatão dos Guararapes. "A Pátria Nasceu Aqui", divulga a enorme placa na divisa com a capital, Recife. O apartamento onde mora, pinta e compõe com a atual banda, Má Companhia, tem vista frontal para o Oceano Atlântico.É no primeiro apertar de mão que Côrtes deixa patente quem é: "espírito indômito". Solta a frase para se pensar: "O mar e eu somos uma coisa só desde menino". Aos 60 anos, sua voz é profunda e roufenha.
A cabeça alva, um dia revestida de pretos cabelos mouriscos. E a magra, porém resistente, compleição física remete ao obstinado homem de O Velho e o Mar. Lula tem o velho de Ernst Hemingway, entretanto, como "altruísta demais". Mais impressionado ficou com o nietzscheniano capitão Lobo Harsen, de O Lobo do Mar, romance de Jack London. Os arquétipos marítimos de London, de fato, combinam mais com ele: "Nasci à beira do mar. Ele me despertou para o cumprimento das fantasias. Nele, um dia, cacei baleias", conta, jubiloso.É esse homem que segue narrando a mais homérica jornada de sua vida, até agora: a concepção do álbum Paêbirú. Guiados pelo parceiro mais velho, Raul Córdula, Zé Ramalho e Lula Côrtes, recém-amigos, logo de cara perceberam a fantástica mística que as inscrições da Pedra do Ingá exerciam sobre a população às cercanias do sítio arqueológico.Foi por intermédio da arquiteta, hoje cineasta, Kátia Mesel, sua companheira na época, que Lula Côrtes veio a conhecer Zé Ramalho. Junto, o casal abriu o selo Abrakadabra, pioneiro na produção de música independente no Brasil. A "sede" do selo ficava nas dependências de um prédio pertencente ao pai de Kátia, que, nos tempos da escravatura, fora uma senzala de escravos.Para se mergulhar na saga de produção que foi Paêbirú, é obrigatório antes se falar da simplicidade do instrumental Satwa - o álbum gerido, um ano antes, por Côrtes e o violonista Lailson de Holanda.É o début do selo Abrakadabra. Lula faz a estréia fonográfica da sua cítara popular marroquina, o tricórdio, instrumento que trouxera da recente viagem ao Marrocos com Kátia. Em Satwa, o violão nordestino de 12 cordas de Lailson dialoga em perfeita legibilidade com o linguajar oriental do tricórdio de Lula. É, provavelmente, o encontro mais fino entre o folk e a psicodelia do qual se tem registro gravado na música brasileira.Lailson, premiado cartunista, traduz: "Satwa é expressão do sânscrito: quer dizer 'interface e equilíbrio'". Em 2005, a norte-americana gravadora Time-Lag Records reeditou Satwa, a partir da master original. Só o nome, na realidade, foi remodelado: Satwa World Edition. Como previsto, a edição esgotou como mágica.Após Satwa, Lula tinha aprimorado suas concepções musicais. Achava-se apto para o grande projeto que andara tramando com o parceiro Zé Ramalho desde a visita à "pedra encantada". Não perderam tempo e investiram em sérias pesquisas nas imediações. Eles caçavam a interpretação local, folclórica, mitológica sobre o admirável monólito escrito.Nas adjacências vivia um grupo de índios cariris. Os músicos foram até eles, atrás da peculiaridade do seu tipo de música. Ouvindo, descobriram que os traços de uma cultura africana tinham se fundido à sonoridade dos indígenas.Se fundamentado em registros arqueológicos, Zé Ramalho e Lula Côrtes concordaram que, a partir daquele ponto, haveria um caminho, que partia de São Tomé das Letras (onde existem registros da mesma escrita rupestre traçada na Pedra do Ingá) e conduzia até Machu Picchu, no Peru. A trilha que os Cariris chamavam de "Peabirú".Chegar à mística Pedra do Ingá, hoje em dia, é fácil. Seguindo pela BR 101, no trecho Recife - Paraíba, as condições de tráfego são admissíveis, mesmo sem via duplicada. Pela estrada federal, as pequenas localidades vão se cruzando: Abreu e Lima, Goiana, Itambé, Jupiranga, Itabaiana, Mojeiro. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Pedra do Ingá (Pedra Lavrada, ou Itaticoara) é um dos sítios arqueológicos mais soberbos do mundo. O arqueólogo Vanderley de Britto, da Sociedade Paraibana de Arqueologia, já aguarda, no local, minha chegada.Segundo ele, as inscrições são originárias de sociedades pré-históricas, nativos anteriores aos encontrados no Brasil pelos europeus. "Certamente, essas gravuras" , diz, apontando o imenso painel de rocha, "são obra de sacerdotes ou pajés. Visavam ritos mágico-religiosos que visavam sortilégios para tribo", Brito explica, com sua proficiência.Próximo à pedra, sem ter de tocá-la, o arqueólogo continua sua explanação: "As representações registram o canto mágico solfejado pelos sacerdotes nas cerimônias", prega. A pedra, na opinião do arqueólogo, seria, para os nativos, um "meio de comunicação" com os deuses (ou deusas) da natureza. A estimativa da ciência é a de que as gravações já estejam ali por volta de três a seis mil anos. "Datação exata não é possível, porque o monólito está em meio ao riacho", esclarece o professor.
Vestígios, por ventura, deixados pelos gravadores, ao cinzelar a pedra, foram arrastados no trespassar das águas do ancião Araçoajipe.Dinossauros, o arqueólogo também confirma, habitaram a região. A probabilidade - nada prosaica - de me banhar no regato que, num dia qualquer da pré-história um tiranossauro rex sorvera metros cúbicos de água, passa agora de jornalismo a uma aventura que, com prazer, obrigo-me pôr em prática.A água é morna. A sensação, arrepiante. "Animais de grande porte, como a preguiça e o tatu-gigante, no período mezosóico, habitaram a região: mastodontes, cavalos nativos e outros mega-animais também circulavam por aqui", ele lembra. Submerso na tepidez do plácido regato pré-histórico, um túnel do tempo dentro de minha cabeça fazia a imaginação vagar por mundos arcaicos desaparecidos na vastidão temporal.De frente para o mar, lula Côrtes gosta de acreditar na epopéia interplanetária narrada em "Trilha de Sumé", a abertura de Paêbirú. "As gravações na Pedra do Ingá foram feitas com raio laser mesmo", afiança o artista, que cantarola a introdução da música, o alinhamento dos planetas: "Mercúrio/Vênus/Terra/Marte/Júpiter/Saturno/Urano/Netuno e Plutão". Os versos seguintes cantam a saga de Sumé, "viajante lunar que desceu num raio laser e, com a barba vermelha, desenhou no peito a Pedra do Ingá".A cada descoberta que faziam com suas explorações, Côrtes e Ramalho notavam, na variedade de lendas, que todas eram sobre Sumé - entidade mitológica que teria transmitido conhecimentos aos índios antes da chegada dos colonizadores. "Todos os indícios levavam a Sumé. Até as palmeiras da região, por lá, são chamadas de 'sumalenses'", observa Lula.Para "libertar" os indígenas da crença pagã, os jesuítas pontificaram Sumé como "santidade": virou São Tomé. O que explica, no Nordeste, o fato de muitos lugarejos terem sido batizados de São Tomé. "Aqui é o lugar de São Tomé!", os padres costumavam anunciar, ao chegar numa região nova.Na Paraíba, resta uma cidade chamada Sumé. "Seja lá quem tenha sido Sumé, o que mais se sabe, no entanto, é que muito andou por essas bandas", brinca Raul Córdula. A despeito da evangelização católica, a memória do Sumé indígena segue viva em todo o Nordeste.A crença indígena diz que, quando o pacifista Sumé se foi embora, expulso pelos guerreiros tupinambás daquelas terras, deixou uma série de rastros talhados em pedras no meio do caminho. Os índios acreditam que Sumé teria ido de norte a sul, mata adentro, descerrando a milenar trilha "Peabirú" - em tupi-guarani, "O Caminho da Montanha do Sol".O historiador Eduardo Bueno, que passou anos de sua vida "veraneando" na praia de Naufragados, no sul da ilha de Santa Catarina, conta que tomou conhecimento da trilha lendo a aventura de Aleixo Garcia, o qual, após um tempo vivendo naquela praia, fora informado da existência de uma "estrada indígena" que conduzia até o Peru.Após muitos verões chuvosos contemplando o lugar de onde o bravo Garcia havia partido em sua jornada épica, Bueno decidiu acompanhá-lo - mas na mente: "Mergulhei em todas as fontes que traziam relatos de sua viagem. Ficção não era. Tais fontes, embora, eventualmente, contraditórias entre si, eram da melhor qualidade". O resumo mais interessante da história, diz, é o que define Peabirú como "um ramal da majestosa Trilha Inca, que ligava Cuzco a Quito e, por sua vez, outra corruptela - de 'Apé Biru'". Em tupi-guarani, Apé significa "caminho", ou "trilha", e Biru é o nome original do Peru. Portanto, Peabirú significaria "Caminho para o Peru".Havia três inícios principais desse caminho: um, partindo de Cananéia (litoral sul de São Paulo) e, outro, da foz do rio Itapucu, nas proximidades da ilha de São Francisco do Sul (litoral norte de Santa Catarina). Um terceiro saia da Praça da Sé, em São Paulo, seguia pela rua Direita, dava na Praça da República, subia a Consolação, descia a Rebouças, cruzava o Rio Pinheiros e... chegava no Peru. "Fico pensando porque nos roubaram o prazer de desfrutar essa história no colégio", brinca Bueno. "Pensando bem, não foi esse o único prazer que nos roubaram, foi?"Muitas vezes procurado, Zé Ramalho declarou que "não quer mais falar sobre o assunto Paêbirú" - para ele, encerrado. Em algumas entrevistas, no entanto, coteja Paêbirú à Tropicália. Um dos comentários é sobre o jeito artesanal, "como se costurado à mão", que o álbum foi feito.Agendo uma "audição comentada" de Paêbirú no ateliêr de Lula Côrtes. Enquanto, pacientemente, pinta o quadro de um farol, vai me explicando como tornaram possível (e viável) a engenhosa gravação do disco. O álbum - duplo - é dividido em quatro lados, de acordo com os elementos Terra, Ar, Fogo e Água.Em "Terra", o resultado "telúrico" foi conseguido com tambores, flautas em sol e dó, congas e sax alto. "Simulamos, com onomatopéias, 'aves do céu', 'pássaros em vôo' e adicionamos o berimbau, além do tricórdio", ele conta. Contrariando a prática dos "encartes vazios", a gama de instrumentos utilizados está descrita na ficha técnica de Paêbirú.
Efeitos de estúdio, nem pensar: "Só havia as pessoas, vozes e instrumentos", comenta o artista. Certos efeitos, como o rasgar da folha de um coqueiro, por exemplo, muitos pensaram serem eletrônicos.No lado "Ar", além de "conversas", "risadas" e "suspiros", selecionaram-se harpas e violas sopros para músicas como "Harpa dos Hares", "Não Existe Molhado Igual ao Pranto" e "Omm". Em "Água", as músicas têm fundo sonoro de água corrente. No mesmo lado, cantos africanos, louvações à Iemanjá e a outras entidades representativas do elemento. Na mais dançante, o baião lisérgico "Pedra Templo Animal", Lula Côrtes toca "trompas marinhas". Zé Ramalho pilota o okulelê."Fogo", como adverte o nome, é a faceta incendiária de Paêbirú. A mais roqueira também. Entram sons trovejantes: o wha-wha distorcido do tricórdio e a psicopatia do órgão Farfisa em "Nas Paredes da Pedra Encantada". "Raga dos Raios" conserva-se, mais de 30 anos depois, como a melhor peça de guitarra fuzz gravada no rock nacional: "Guitarreira elétrica & nervosa de Dom Tronxo", diz a ficha técnica. Onde andará Dom Tronxo?O encarte sofisticado de Paêbirú é obra de Kátia Mesel. Além de designer, ela fez a produção executiva do álbum. "São mais de 20 pessoas tocando no disco - basicamente, toda a cena pernambucana e boa parte da paraibana", a cineasta enumera.O disco só deu certo, na opinião de Kátia, porque foi feito com a alma e a criatividade soltas. "Num estúdio de dois canais, baby? Era o playback do playback do playback! A gente se consolava: 'Se os Stones gravaram na Jamaica em dois canais, por que a gente não?' Em 'Trilha de Sumé', Alceu Valença toca pente com papel celofane. [O disco] tem desses requintes", graceja.Foi o zelo de Kátia, na realidade, que garantiu o salvamento de 300 cópias de Paêbirú da enchente de 1975. Ela guardara parte da tiragem na Casa de Beberibe, onde o casal morava - o ambiente em que muitas canções foram, gradualmente, tomando forma. "A sorte é que eu tinha deixado os discos no andar de cima. São esses que, atualmente, valem uma fortuna mundo afora", pontua Kátia.Naquele tempo, Ramalho praticamente morava com o casal na Casa de Beberibe. A concepção gráfica do álbum foi obtida após muitas idas do trio à Pedra do Ingá. Na verdade, um quarteto, já que o irmão de Kátia, o fotógrafo Fred Mesel, seguia junto em algumas viagens. "Eu filmava em Super 8 e Fred tirava fotos da pedra com filme infravermelho", ela conta. A técnica fotográfica explica a tonalidade azul-cítrica da capa e da parte interior de Paêbirú.Especial atenção foi dada à ficha técnica. No encarte central, fotos de todas as pessoas que participaram das gravações. Um detalhe é que todos os títulos foram montados à mão, um a um, em letra set. A diferença é que, a essa altura, Kátia era mais experiente: além de Satwa, também produzira a arte do único álbum de Marconi Notaro, No Sub Reino dos Metazoá-rios (1973). "Para lançar Paêbirú, criamos o selo Solar", acrescenta.As substâncias psicodélicas, obviamente, foram muito importantes durante o processo de composição. Para Lula Côrtes, no entanto, só de estar perto da Pedra do Ingá, é possível sentir o xamanismo emanando do monumento rochoso: "Comíamos cogumelos mais como 'licença poé-tica mental'", justifica o artista.Crosby, Stills and Nash, T-Rex, Captain Beefheart, Grand Funk Railroad e The Byrds eram as bandas mais ouvidas pelo grupo na época. Em meados da década de 1970, a maquiagem do glitter rock já estava borrada e, nos Estados Unidos, a semente punk aflorava nos buracos sujos de Nova York. A disco music ensaiava os primeiros passos de dança. Psicodelia, no mundo, era coisa ultrapassada: encapsulara-se nos remotos anos 60.
Zé da Flauta tinha 18 anos quando conheceu Lula e Kátia. No auge da repressão, a Casa de Beberibe era o templo da liberdade e da contracultura. "Aprendi muito sobre arte. Lá se conversava sobre tudo, inclusive se fumava muita maconha", confirma Zé. Ele tocou sax na vigorosa "Nas Paredes da Pedra Encantada". "Jamais me esquecerei, aliás: foi a primeira vez que entrei num estúdio e gravei profissionalmente como músico."Outro que teve "participação relâmpago" foi o paraibano Hugo Leão, o Huguinho. Ele vinha das bandas The Gentlemen e os Quatro Loucos, nas quais Zé Ramalho tocava guitarra. Ramalho o chamou para participar como tecladista do "ousado projeto". Sua atuação ficou imortalizada no disco. São dele os riffs de órgão Farfisa em "Nas Paredes..."Para assumir a bateria, Ramalho recrutou Carmelo Guedes, outro parceiro seu nos Gentlemen. A mágica, lembra Huguinho, começou logo que entraram no estúdio. As bases foram criadas na hora, como num susto: "Cravei um tom maior: Mi! O sonho começara. Os segredos da Pedra do Ingá, finalmente, pareciam que seriam desvendados. A guinada sonora ainda ecoa pelo espaço", acredita.Em minha jornada, sigo para a capital paraibana. Em João Pessoa, Telma Ramalho, a prima mais jovem de Zé Ramalho, diz não esquecer uma passagem da pré-adolescência: a mãe, Teresinha de Jesus Ramalho Pordeus, professora de História, conversava com o sobrinho em seu escritório: "Zé contava a ela como se desenrolavam as gravações de Paêbirú".Uma lembrança viva é ter ouvido o disco aos 12 anos: "Não entendi nada. Só lembro de 'Pedra Templo Animal' e 'Trilha de Sumé', as mais pop", diverte-se.Outra memória é ter apresentado uma réplica da Pedra do Ingá na feira de ciências do colégio. A trilha sonora foi Paêbirú. "Levei a vitrolinha e botei para rodar." Telma faz a contundente revelação: "Tive caixas de Paêbirú em casa. Uma verdadeira fortuna cultural e financeira".Para Cristhian Ramalho, filho de Zé Ramalho e afilhado de Lula Côrtes, Paêbirú também tem significação especial: "Meu pai me levava à Pedra do Ingá quando criança. Ele ia para achar inspiração". Sem dúvida, diz Cristhian, Paêbirú e a Pedra ainda exercem influência sobre a sua obra. "Em 1975, ele escreveu uma poesia muito bonita, que diz: 'Venho de uma dessas pedras rolantes'. Houve, por parte dele, grande misticismo envolvido na minha chegada", conta, orgulhoso, o filho.Uma das pessoas que, na época do lançamento, compraram o álbum foi a arquiteta Terêsa Pimentel. Aos 14 anos, em 1974, ela não sabia ao certo o que procurava na sua vida. Apesar disso, sabia "o que não queria". "Ouvíamos os locais: Ave Sangria, Marconi Notaro, Flaviola & O Bando do Sol, Aristides Guimarães, o 'udigrudi' nordestino. Vendi minha bicicleta Caloi verde-água para comprar Paêbirú. Hoje, sou feliz por ter vendido a bicicleta e ter adolescido naquela atmosfera", conta. Terêsa é irmã do músico Lenine, ao qual Lula Côrtes presenteou com sua última cópia de Paêbirú, há alguns anos. "Para tirar uns samplers", diz Lula.De Jaboatão dos Guararapes, eu e Lula seguimos para a casa de Alceu Valença, no centro histórico de Olinda. Lula bate à porta do casarão. Festa quando Valença cruza o amplo saguão para saudar Lula, velho parceiro em Molhado de Suor, um dos seus primeiros discos."A gente tocou em 'Danado para Catende', que depois virou 'Trem de Catende'", Alceu conta. "Até então Lula só compunha, mas não cantava. Fiz a cabeça do pessoal da Ariola: 'O cara é o máximo!' Na gravadora, ninguém tinha a menor idéia de quem era o cara, muito menos que fizera algo como Paêbirú."Souberam, no entanto, quando o álbum Gosto Novo da Vida, de Lula Côrtes, foi premiado como "a melhor venda do ano da gravadora Ariola", em 1981. Em três meses, vendeu 32 mil cópias. Depois, teve sua reedição emperrada por causa de um processo movido pela Rozemblit, que alegava plágio em uma música."Foi o primeiro artista que vi fumar no palco, no Teatro João Alcântara", diz Alceu.Ambos riem. Lula acende um cigarro."Participei de Paêbirú. Dei uns gritos lá", resume Alceu."Foi na reza de 'Não Existe Molhado Igual ao Pranto'", Lula emenda."O estúdio da Rozemblit tinha acústica maravilhosa. Era o ambiente mais natural possível: cheguei e fui me deitando num canto. A banda tocava. Sonolento, me espreguicei: 'Ommmmmmmm...'.""Foi como num mantra. Quando Alceu começou, todo mundo veio atrás e não parou mais", conclui Lula.É nessa tradição do "livre espírito" que Paêbirú foi realizado. No texto homônimo - uma raridade datilografada só encontrada no interior dos LPs sobreviventes da cheia e escrito depois da ingestão de cogumelos colhidos no meio do caminho -, Lula Côrtes nos dá uma última idéia da grande aventura que foi Paêbirú: "Nós caçávamos o passado, e os corações se encheram de esperança com aquela visão. O caminho que havíamos abandonado mais atrás era o das Pedra de Fogo, outro pequeno aglomerado quase sem nenhuma chance de vida.
A água é muito escassa. Conversávamos sobre as pedras. E ao longo, no horizonte, o lombo prateado da Borborema desenha curvas leves, demonstrativas de sua imensa idade. Os nativos tinham mapas nos rostos, o sol lhes rachou os lábios como racha a terra, as pedras duras e afiadas que dificultavam a caminhada lhes endureceu o riso. A informação parecia estar correta. Achamos o regato e acompanhamos o sentido. A água era clara e bastante salgada. A irrealidade se apossava cada vez mais dos nossos corpos e mentes, e toda a lenda que nos havia enchido os ouvidos, até aquele dia, parecia florar de tudo."
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Lista das Músicas:

1. Trilha de Sumé - Lula Cortes, Côrtes, Lula
2. Culto à Terra
3. Bailado das Muscarias
4. Harpa Dos Ares
5. Não Existe Molhado Igual Ao Pranto - Lula Cortes, Côrtes, Lula
6. Omm
7. Raga Dos Raios
8. Nas Paredes de Pedra Encantada - Lula Cortes, Alagoano, Mote "Mar
9. Marácas de Fogo - Lula Cortes, Côrtes, Lula
10. Louvação a Iemanjá
11. Regato da Montanha
12. Beira Mar
13. Pedra Templo Animal - Lula Cortes, Côrtes, Lula
14. Trilha de Sumé

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Ficha Técnica:
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Lançado em 1975
Gravado em Outubro-Dezembro, 1974 no Estúdio Rozemblit em Recife, Brasil.Gênero(s) : Folk Psicodélico, Free Jazz
Duração : 55:30
Gravadora(s): Solar

http://www.mediafire.com/?0ngqwyzozzo

Fausto Fawcett e Os Robôs Efêmeros (1987)- Fausto Fawcett


Jornalista, autor teatral e roteirista, Fausto Fawcett (o "sobrenome" é homenagem à atriz Farrah Fawcett, da série de TV "As Panteras") apareceu na noite carioca com sua "performances", ou seja, esquetes misturando teatro, música e poesia, então muito em voga na Zona Sul carioca. Em 1987, uma delas virou música: "Kathia Flávia", a "Godiva do Irajá", da "calcinha exocet". Gravada em forma de rap (foi um dos primeiros no país), a canção ganhou as rádios e, anos depois, entrou no filme "Lua de Fel", de Roman Polanski, e foi regravada pela Fernanda Abreu. "Kathia Flávia" entrou no primeiro disco de Fawcett, "Fausto Fawcett & os Robôs Efêmeros", uma obra conceitual sobre uma Copacabana "Blade Runner", onde os símbolos da brasilidade convivem promiscuamente com a avalanche pop e os avanços da mídia e da tecnologia. Por Fábio Poli
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01 Gueixa Vadia ( Part especial: Soraya Jarlight )
02 Tania Miriam
03 Drops de Istambul
04 Rap D'Anne Stark ( Part especial: Marília Van Boekel )
05 Kátia Flávia, a Godiva do Irajá( Part. especial: Nelson Meirelles / Serginho Mekler / Iuri / Liminha )
06 Chinesa Videomaker
07 Estrelas Vigiadas ( Part especial: Marcelo De Alexandre )
08 Juliette( Part. especial: Fernanda Abreu )

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Chinesa Videomaker
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"Aí, rapaz. Eu dediquei toda a minha vida ao mundo
Das imagens artificiais
Das telinhas, dos telões
Vetezei dos comerciais mais lisérgicos
Aos mais belos bombardeios aéreos
Por isso eu te digo, rapaz
Que pra cada beijo e facada
Existe uma coisa pesquisada
E o mais vagabundo ferro de passar
Tem a ver com uma pesquisa militar
Quantas vezes o mundo é catalogado
Registrado eletronicamente
Todos os dias?Por isso eu te digo, rapaz
Que diante das imagens é preciso ter...e relaxar a razão de todas as coisas!"
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http://www.badongo.com/pt/file/2494186

Vzyadoq Moe- O Ápice (1987)


Banda paulista de Sorocaba formada em 1988 por Fausto Marthe (vocal e letras), Marcelo "Acabado" Orlak (guitarra), Jacksan "Calegari" (guitarra), Edgard Degas (baixo) e Marcos Peroba (bateria), jovens entre 14 e 17 anos. Lançaram o disco O Ápice em 1989 pelo selo paulista Wop Bop e um CD-R independente com restos de gravações de estúdio e shows, Hard Macumba em 1999. Participaram também das coletâneas Sanguinho Novo (Eldorado, 1989) e Enquanto isso...!? (Manifesto, 1990).
Por Lágrimas Psicodélicas.
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O Ápice (1987)

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1. Junto Ao Céu

2. O Último Designo

3. O Incerto

4. Desejo Em Chamas

5. Redenção



8. O Ápice


10. Expansão
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Fellini- O Adeus de Fellini (1985)


Banda dos anos 80 ainda muito desconhecida. Letras surrealistas e sons esquisitos. Tudo muito estranho para tempos onde muitos cantavam "Ursinho blau blau" e "Nós vamos invadir sua praia".
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01-Funziona senza vapore
02-Rock europeu
03-História do fogo
04-Cultura
05-Outro endereço outra vida
06-Bolero
07-Bolero 02
08-Shiva!Shiva!
09-Nada
10-Ziiune
11- Nada (ao vivo)
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Funziona Senza Vapore
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Ninguém é perfeito
Ninguém é perfeito
Eu quis ser
Socialista!Socialista!Socialista!
Funziona senza vapore
Eu vi uma ema
No Palácio da Alvorada
Um ex-skinhead falava
Da sua namorada
Como gostava
Dela ser tapada
Funziona senza vapore
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Patife Band - Corredor Polonês (1987)






Banda q mescla punk, jazz e outras cositas...Teve músicas gravadas por Cássia Eller (Teu Bem), Pato Fu (Vida de Operário) e Ratos de Porão ( Tô Tenso). Mui bom!

01- corredor polonês
02- pesadelo
03- chapeuzinho vermelho
04- tô tenso
05- poema em linha reta
06- teu bem
07- 3x4
08- pregador maldito
09- vida de operário
10- maria louca



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Vida de Operário

Fim de expediente, cinco e meia, cartão de ponto
Operários
Saem da fabrica cansados da exploração
Oito horas e de pé
E de pé na fila, ônibus lotado
Duas horas de pé ou sentado
Vida de Operário (3x)
Braços na maquina operando a situação
Crescimento da produção
Semana do patrão
E o lucro é do patrão
Ganância do Patrão
E o Lucro é do Patrão
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http://www.mediafire.com/download.php?4pughyjn4n5

As Mercenárias - Cadê as Armas? (1986)

Grupo "punk" paulista formado em 1980 teve seu primeiro disco lançado seis anos depois. O grupo era formado por Rosália Munhoz (voz), Ana Machado (guitarra), Sandra Dee (baixo) e Lou (bateria). Som simples, direto e rápido (não dura 30 minutos!).


01-Me perco nesse tempo
02-Polícia
03-Imagem
04-Inimigo
05-Pânico
06-Amor inimigo
07-Loucos sentimentos
08-Labirintos
09-Além acima
10-Santa Igreja
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Amor Inimigo

O limite, relações lesadas
mantém o segredo, desejos de nada.
O vácuo, vils me falam
trazendo misterios, vazio e tédio
Vozes, vidros quebrados
estiletes na mente.
O Eu fragmentado, desejo enquadrado.
A cidade, eterno retorno
suporta o medo, do abandono
realidade, claridade súbita
lúdico objeto.
Amor Inimigo
A solidão é um fato.
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A Desobediência Civil (1848) - Henry David Thoreau (1817-1862)



"Aceito com entusiasmo o lema "O melhor governo é o que menos governa"; e gostaria que ele fosse aplicado mais rápida e sistematicamente. Leva­do às últimas conseqüências, este lema significa o seguinte, no que também creio: "O melhor governo é o que não governa de modo algum"; e, quando os homens estiverem preparados, será esse o tipo de governo que terão. O governo, no melhor dos casos, nada mais é do que um artifício conveniente; mas a maioria dos governos é por vezes uma inconveniência, e todo o governo algum dia acaba por ser in­conveniente. As objeções que têm sido levantadas contra a existência de um exército permanente, numerosas e substantivas, e que merecem prevalecer, podem também, no fim das contas, servir para pro­testar contra um governo permanente. O exército permanente é apenas um braço do governo permanente. O próprio governo, que é simplesmente uma forma que o povo escolheu para executar a sua vontade, está igualmente sujeito a abusos e perversões antes mesmo que o povo possa agir através dele." Thoreau



Futuro Primitivo (1994) - John Zerzan (1943)



A literatura especializada pode, apesar de tudo, proporcionar uma idéia altamente apreciável, com a condição de abordá-la com método e consciência apropriada, com a condição de deter a decisão de ultrapassar seus limites. De fato as deficiências no pensamento ortodoxo correspondem às exigências de uma sociedade cada vez mais frustrante. A insatisfação com a vida contemporânea se transforma em desconfiança frente às mentiras oficiais que servem para justificar estas condições de existência: esta desconfiança permite assim mesmo esboçar um quadro mais fiel do desenvolvimento da humanidade. Explicou-se exaustivamente a renúncia e a submissão que caracterizam a vida moderna pela "natureza humana". Assim mesmo, o limite de nossa existência pré-civilizada, feita de privações, de brutalidade e de ignorância acaba por fazer aparecer a autoridade como um benefício que nos salva da selvageria. Ainda se invoca ao "homem das cavernas" e “Neanderthal" para nos lembrar onde estaríamos sem a religião, o Estado e os trabalhos forçados. ZERZAN


Abolição do Trabalho (1985) - Bob Black (1951)


"Nunca ninguém deveria trabalhar.
O trabalho é a gênese de grande parte da miséria do mundo, é causa de muito do mal que acontece. Somos obrigados a viver sob o seu desígnio. Para acabar com o sofrimento, temos que parar de trabalhar.
Isto não significa que tenhamos que desistir de fazer coisas. Mas sim, provocar uma revolução jocosa, uma nova onda de vida baseada no divertimento. Por divertimento entenda-se festividade, criação facultativa, convívio. O divertimento não é passivo, é muito mais do que o jogo das crianças.
Invoco a aventura colectiva num prazer generalizado, numa exuberância gratuitamente interdependente. Necessitamos de mais tempo de pura preguiça e descanso indiferente ao salário ou à ocupação. Reparem, uma vez saídos do emprego quase todos nós queremos representar, o que conduz ao esgotamento." p.03-04